Al Berto 1948-1997
Nasceu em Coimbra,de seu verdadeiro nome Alberto Raposo Pidwell Tavares.Tendo vivido até à adolescência em Sines, exilou-se, entre 1967 e 1975, em Bruxelas, dedicando-se, entre outras actividades, ao estudo de Belas-Artes. Publicou o primeiro livro dois anos depois de regressar a Portugal.
(À Procura do Vento num Jardim de Agosto, 1977), sendo actualmente considerado um dos mais importantes poetas da sua geração e um dos mais originais, possuidor de um universo de características muito próprias no panorama da poesia portuguesa da actualidade.
LER +/-De facto, cultivando uma poesia fortemente lírica e de pendor confessional, como aliás é patente no título, de 1985, Uma Existência de Papel, Al Berto construiu um universo poético que foi já considerado “um dos mais melancólicos da nossa poesia recente” por Fernando Pinto do Amaral. Espelhando vivências de uma juventude errante, em deambulações por uma certa Europa marginal e underground – que o poeta cumpriu vivendo, entre o final da década de sessenta e a década de 70, numa comunidade urbana de Bruxelas e nos bas-fonds de Paris e Barcelona -, oscilando entre o excesso da experiência emocional e física e uma melancolia desolada e solitária, a obra de Al Berto reflecte a presença imaginária de Genet e Rimbaud na paixão urgente e dolorosa, na transgressão sexual, na vertigem auto destrutiva, na solidão, na experiência do deserto e da morte. Ao situar o seu discurso poético a meio caminho entre a extrema lucidez e a ternura, a exposição narcísica e a assunção da literatura como ficção inseparável da vivência, Al Berto tem sido considerado, na tonalidade crepuscular que envolve toda a sua obra, uma voz “entre a subjectividade romântica e a impessoalidade modernista” (Hélder Moura Pereira), num território já pertencente ao domínio da pós-modernidade.